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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Rebelião em Nova York


“No ano de 1863, a história racial norte - americana sofreria uma fissura irreparável. A Guerra Civil contra o sul ainda escravagista se espalhava pelo país e Lincoln, o então presidente, resolvera implantar o alistamento obrigatório. As famílias mais abastadas, no entanto, poderiam trocar a ida de seus membros às trincheiras por uma tarifa de 300 dólares paga à União. A liberdade negociada por menos do que valia um negro nos estados onde a escravidão ainda era permitida. Menos que um escravo. Tudo começara com simples discussões e trocas de comentários ríspidos em alguns pubs locais, e se transformara numa das piores rebeliões da história dos Estados Unidos. Por três dias, Nova York ardeu em chamas.”

É mais ou menos assim a sinopse de Rebelião em Nova York, o último livro que – custosamente - terminei de ler a alguns dias. Kevin Baker tratou de relatar em um profundo romance histórico a forma como brancos e negros relacionavam-se nos estados onde a escravidão fora abolida. Numa cidade fervilhando com a Revolução Industrial e o desenvolvimento de diversas atividades comerciais, os novos ricos dividiam as ruas com antigos e novos miseráveis, prostitutas, bêbados e porcos. A abolição da escravatura trouxera consigo uma liberdade distorcida, deturpada. Bairros para negros, bares de negros, profissões de negros. Era um ‘estar livre’ humilhante. Havia, afinal, uma linha espessa que dividia os brancos das pessoas de cor, e cada detalhe que pudesse expor ainda mais o racismo histórico seria bem vindo. 

E o que pensaria um homem branco, um pai de família, uma peça operária da cidade, sobre ter sua liberdade trocada por trezentos dólares, menos do que valia um escravo? Daí nasceu toda a indignação e, por três dias, negros foram perseguidos, espancados, despidos, enforcados em postes, queimados e esquartejados. Bairros e casas de negros foram invadidos, saqueados e destruídos, assim como seus donos. A multidão descontrolada devastava a cidade, e vibrava com cada demonstração de extrema violência. 

Num lugar sem lei, surgem então as figuras femininas. Irlandesas imigrantes, meninas de rua que se transformaram em prostitutas, esposas de negros desaparecidos no massacre, Todas tendo que lidar com a revolta; Deirdre, Maddy e Ruth unem-se pela sobrevivência, para esconder seus filhos negros do massacre, desde que surgira a notícia de que nem as crianças de cor estão sendo perdoadas. Para salvar suas casas, seus filhos e sua própria vida. 

Rebelião em Nova York é, literalmente, um daqueles romances de prender o fôlego. Pegou traços da Grande Fome na Irlanda, da imigração para a América, de um país que tentava limpar de sua própria história o regime escravocrata. É uma leitura detalhista e reflexiva, a partir do ponto de vista de diversos personagens, dos acontecimentos que abalaram, por três dias, a cidade de Nova York e sua população. Do negro fugitivo Billy Dove que precisa voltar pra casa ao Perigoso Johnny Dolan, há mais do que simples fatos históricos, há uma elogiada obra de um dos maiores autores da última década. É fascinante para quem gosta de história, e ótimo para quem aprecia boas histórias.


É isso, espero sinceramente que tenham gostado da dica.


Até mais!

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