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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A Gafe


Confundir os nomes, trocar os números, não enxergar a porta de vidro, esquecer o discurso; é quase que um carma humano cometer tantas mancadas durante a vida! Todos, inclusive as figuras mais ilustres que passeiam por aí, cometem as famosas gafes, que ficaram conhecidas na história da sociedade por gerar inúmeras guerras e divórcios. É inevitável fugir, e se você ainda não passou por nenhuma mazela desse tipo, pode esperar...

_ Alô...?

_Oi, Geraldinho, tudo bem?

_Quem fala...?

_É a Elisa!

_Elisa?

_É, bobinho... Não se lembra de mim, não...?

_Bom, pra falar a verdade, não...

_Como assim? Olha, é a Elisa, nos conhecemos semana passada, na casa do João.

_Na casa do João?

_Foi! Na festinha que teve lá, comemorando o ‘sei lá o quê’ da mulher do Souza.

_Ah, desculpe, Elisa, mas...

_Ah, não, não, você tem que se lembrar de mim! Ficamos a noite inteira conversando, tomando uns drinques, rindo...

_Pois é, Elisa, mas eu não...

_Por favor, não faz isso comigo... Olha, eu sei que não deveria ligar, tem o problema com a sua mulher e tudo mais...

_Com a minha mulher?

_É, eu sei que vocês brigaram e tudo...

_Brigamos?
                                                                      
_Foi, você tava um pouco chateado, lembra...? Disse que a sua mulher era uma vaca manipuladora, que queria tudo sempre do jeito dela... Você conversou comigo, rimos juntos... Até que meio que rolou, sei lá, um clima...

_Rolou, foi?

_Bom, acho que sim, um pouco (risos)... Você se ofereceu pra me levar pra casa, daí parou o carro perto de um posto, e...

_E...?

_Ah, você sabe (risos)... Eu tenho vergonha de ficar falando...

_Vergonha? Mas então você não gostou?

_Não, claro que eu gostei! Foi muito, muito bom...

_Ah, tá... Por um momento achei que você ia...

_Não, não, claro que não...

_Então tudo bem... Mas, sim, por que você ligou mesmo...?

_Pois é, foi justamente por isso... Depois de tudo, você me deixou na casa da minha mãe, pegou o número do meu celular e disse que ia separar da sua mulher, que ela era uma escrota, e você ia sair de casa, e me ligaria assim que estivesse no novo apartamento...
_Aham...

_E você não ligou... Então eu achei...

_E por acaso eu te passei meu número?

_Bom, na verdade, sim... Você disse que eu deveria ligar, mas só num caso de máxima emergência...

_Olha, Elisa...

_Oi... (voz tremida de quem está tentando não chorar)

_Eu só preciso te dizer uma coisa...

_Ei, ei, antes eu queria te dizer que entendo se você não for mais separar da sua mulher... Eu sei que essas coisas de divórcio são complicadas... Tem os filhos, enfim... Mas, ah, eu...

_Você...?

_Eu... Acho que amo você... É isso... E, se for preciso, eu até aceito ser a outra...

_Aceita, eh?

_Sim, eu aceito ser a outra, só pra você... Mas, o que você queria me dizer...?

_Bom, Elisa, legal essa sua decisão e tudo mais, mas...

_Mas...?

_Olha, aqui é o Zé, do açougue do Zé... O Seu Geraldinho só vem por aqui comprar carne às quartas, mas não se preocupe que eu dou o recado, viu...? Elisa...?

_...

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